terça-feira, 9 de março de 2010
Reencontro e despedida.
Outro dia eu reencontrei um velho amigo. Lembramos o passado, atualizamos o presente. Rimos como se nem um só dia tivesse passado desde o nosso último encontro. Nos divertimos como antes.
Nossas mãos se tocavam como se a gente quisesse ter certeza de que estávamos mesmo ali. Juntos de novo.
Lembro que muitas vezes nossos olhos se perderam uns nos do outro e do quanto foi dito naqueles momentos.
Quando nos despedimos prometemos nos reencontrar sempre.
A verdade é que ele não era só um amigo. Ele foi o meu primeiro amor. E o meu primeiro namorado.
Foi com ele que eu aprendi a gostar do Queen. Ele dançava comigo de rostinho colado ao som de "Love of my life".
Aprendi a dançar.
Com ele aprendi a jogar vôlei.
Aprendi a andar de moto.
Aprendi a beijar.
Aprendi a ser amada!
Ele era lindo.
Tinha sempre um sorriso no rosto.
Ele falava sorrindo. E me chamava de "honey".
A vida era perfeita.
Naquele tempo eu fazia aulas de balé e usava fitas pra segurar os meus cabelos. Um dia ele pegou uma dessas fitas (a minha preferida, em três tons de azul) e não me devolveu. Eu fiquei muito brava.
Então o irmão dele me contou que ele dormia todas as noites com a minha fita no travesseiro. Eu nunca pedi a fita de volta.
Mas do que eu mais me lembro foi do primeiro encontro que nós marcamos, na esquina da minha casa, num sábado de manhã bem cedo.
Ele ia me chamar pra namorar e eu sabia.
Eu não consegui dormir a noite toda, ansiosa pelo dia. E inevitavelmente o dia chegou.
Eu lembro dele, debaixo da minha janela, corajoso, esperando por mim. Eu o espiei pela cortina.
Eu lembro como se fosse hoje a expressão resoluta do rosto dele.
Eu não fui naquele encontro. Eu queria, mas não fui. Eu era covarde.
Mas ele gostava mesmo de mim e não desistiu. Então nós começamos a namorar... e nunca terminamos.
Ele foi estudar em outro estado e eu fiquei aqui.
E a vida seguiu.
Só no dia do nosso reencontro eu percebi quantas saudades eu tinha sentido dele. E eu sei que ele também sentiu muitas saudades minhas.
Eu ainda estava apaixonada por ele.
Eu sempre fui, eu sou e eu sempre serei apaixonada por ele.
Quando ele foi embora, meus olhos o seguiram vorazes por todo o caminho até ele desaparecer de vista. Como se eles soubessem de alguma coisa que eu não sabia.
No domingo seguinte, eu recebi o telefonema.
Ele tinha sofrido um acidente na noite anterior.
Ele morreu no acidente.
Exatamente um semana depois do nosso reencontro.
Só muito mais tarde eu percebi que, na verdade, a vida não tinha nos dado um reencontro, mas uma despedida.
Naquele dia, o tempo todo, nós estivemos nos despedindo um do outro.
Matando as saudades que sentimos e no meu caso as que ainda iria sentir.
Uma última vez a nossas vidas se cruzaram.
Foi um presente!
Eu não fui ao enterro.
Eu quis me lembrar dele vivo. Eu fui covarde.
Mas eu sei que ele estava lá.
Esperando, como naquele dia debaixo da minha janela, tantos anos atrás.
Corajoso como antes.
Jovem e lindo.
Para sempre.
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