Powered By Blogger

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ares de Outono


Dia 20 de março foi o primeiro dia de outono.
Lembrei dessas duas poesias que eu AMO sobre essa estação que eu ADORO!!!

"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
"

Pablo Neruda

"Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão.
"

(CANÇÃO DE OUTONO)
Cecília Meireles

Essa do Neruda não é fofa???
Tá a da Cecilia é um pouco tristinha, mas não é lindo ser "folha de outono voante pelo jardim" e receber de alguém a saudade?
Todos somos, já fomos ou seremos.
E negue quem não tem ou já teve uma folha de outono voando por algum outro jardim.
Eu sei que tive...
Algumas pessoas acham o Outono triste.
Eu não acho.
Prestem atenção ao Outono.
Existe coisa mais linda que o pôr-do-sol de Outono?
E as cores? Como a luz de Outono é suave, as cores desabrocham, ganham mais vida.
Pra mim Outono é sinônimo de tranquilidade.
Um convite ao recolhimento, à meditação, ao reencontro, à amizade, ao amor...
Eu gosto especialmente das tardes de Outono.
Verdade que o Outono lembra que somos seres crepusculares, outonais.
Mas porque isso tem de ser ruim?
Que cada sopro da brisa mansa da estação de Outono seja para todos uma celebração ao que somos hoje: VIVOS!!!

sábado, 13 de março de 2010

Eu devia estar estudando.


Eu devia MESMO estar estudando.
Mas são tantas as coisas que me distraem, que me furtam dos estudos, dos meus livros de direito, dos códigos, da jurisprudência dos tribunais, das notícias e informativos do STJ, do STF, das provas dos concursos anteriores, de um novo cargo público, de um salário melhor... Arghhhhhhhhhhhh!
Tô estudando pra que mesmo?
Eu nem sei o que eu quero ser!!!
Além de viva.
E feliz.
E boa.
E eu gosto do que eu sou. E de onde estou.
Agora mesmo, por exemplo. Exatamente quando eu deveria estar estudando Direito Civil (eu simplesmente amo Direito Civil) alguma coisa me perturba.
Não consigo não pensar, não consigo parar de pensar, não consigo me concentrar.
Do nada me veio a idéia de fazer uma tatuagem.
Eu, de vez em quando, penso nisso. Um daqueles pensamentos que vão mas só pra voltar.
Daí eu lembro que uma tatto polui o visual, não combina com vestidos os românticos que eu adoro, arrasam um look de trabalho poderoso e algumas vezes me parecem meio trash.
Simplesmente não combinam comigo, eu sei.
Mas eu não consigo parar de pensar em fazer.
Em o que fazer?
Qual desenho?
Uma tribal?
Uma pena indígena (uma amiga minha tem uma e eu acho linda)?
Uma mandala?
Estrelinhas?
Uma frase? Uma palavra? Uma letra?
E o pior, o mais importante, onde fazer? (OK, muita calma nessa hora, sem piadinhas infames).
Sim, porque se eu fizer vai ter que ser num lugar escondido, mas que eu possa mostrar.
Deu pra entender?
Tá, vamos supor que eu faça.
E se eu não gostar?
E se eu me arrepender?
Vai doer pra fazer, vai doer pra tirar e pode ser que não saia (é, algumas não saem de jeito nenhum).
ME-DO!
Mas sabem o que eu lembrei agora?
Tem aquela música do Chico Buarque que eu A-DO-RO e que chama... Tatuagem (tudo bem eu amo quase todas do Chico. E o Chico. Todo.) Kkkkkkkkkkkkkkk!
“Quero ficar no teu corpo feito tatuagem,
que é pra te dar coragem,
pra seguir viagem,
quando a noite vem.”
É, nada tem nada a ver com nada, mas eu tava escrevendo e pensei na música. Simples assim.
Deveria ter lembrado daquela:
“Vai trabalhar(estudar), vagabundo.
Vai trabalhar(estudar), criatura.”
A verdade é: eu não vou fazer tatuagem coisa nenhuma.
Isso tudo é um plano sórdido da minha mente perversa e preguiçosa pra me manter afastada dos estudos.
Eu sei.
Mas algumas vezes eu não consigo resistir. A mim mesma.
Vocês conseguem?

terça-feira, 9 de março de 2010

Reencontro e despedida.


Outro dia eu reencontrei um velho amigo. Lembramos o passado, atualizamos o presente. Rimos como se nem um só dia tivesse passado desde o nosso último encontro. Nos divertimos como antes.
Nossas mãos se tocavam como se a gente quisesse ter certeza de que estávamos mesmo ali. Juntos de novo.
Lembro que muitas vezes nossos olhos se perderam uns nos do outro e do quanto foi dito naqueles momentos.
Quando nos despedimos prometemos nos reencontrar sempre.

A verdade é que ele não era só um amigo. Ele foi o meu primeiro amor. E o meu primeiro namorado.
Foi com ele que eu aprendi a gostar do Queen. Ele dançava comigo de rostinho colado ao som de "Love of my life".
Aprendi a dançar.
Com ele aprendi a jogar vôlei.
Aprendi a andar de moto.
Aprendi a beijar.
Aprendi a ser amada!

Ele era lindo.
Tinha sempre um sorriso no rosto.
Ele falava sorrindo. E me chamava de "honey".
A vida era perfeita.
Naquele tempo eu fazia aulas de balé e usava fitas pra segurar os meus cabelos. Um dia ele pegou uma dessas fitas (a minha preferida, em três tons de azul) e não me devolveu. Eu fiquei muito brava.
Então o irmão dele me contou que ele dormia todas as noites com a minha fita no travesseiro. Eu nunca pedi a fita de volta.
Mas do que eu mais me lembro foi do primeiro encontro que nós marcamos, na esquina da minha casa, num sábado de manhã bem cedo.
Ele ia me chamar pra namorar e eu sabia.
Eu não consegui dormir a noite toda, ansiosa pelo dia. E inevitavelmente o dia chegou.
Eu lembro dele, debaixo da minha janela, corajoso, esperando por mim. Eu o espiei pela cortina.
Eu lembro como se fosse hoje a expressão resoluta do rosto dele.
Eu não fui naquele encontro. Eu queria, mas não fui. Eu era covarde.
Mas ele gostava mesmo de mim e não desistiu. Então nós começamos a namorar... e nunca terminamos.
Ele foi estudar em outro estado e eu fiquei aqui.
E a vida seguiu.

Só no dia do nosso reencontro eu percebi quantas saudades eu tinha sentido dele. E eu sei que ele também sentiu muitas saudades minhas.
Eu ainda estava apaixonada por ele.
Eu sempre fui, eu sou e eu sempre serei apaixonada por ele.
Quando ele foi embora, meus olhos o seguiram vorazes por todo o caminho até ele desaparecer de vista. Como se eles soubessem de alguma coisa que eu não sabia.

No domingo seguinte, eu recebi o telefonema.
Ele tinha sofrido um acidente na noite anterior.
Ele morreu no acidente.
Exatamente um semana depois do nosso reencontro.
Só muito mais tarde eu percebi que, na verdade, a vida não tinha nos dado um reencontro, mas uma despedida.
Naquele dia, o tempo todo, nós estivemos nos despedindo um do outro.
Matando as saudades que sentimos e no meu caso as que ainda iria sentir.
Uma última vez a nossas vidas se cruzaram.
Foi um presente!

Eu não fui ao enterro.
Eu quis me lembrar dele vivo. Eu fui covarde.
Mas eu sei que ele estava lá.
Esperando, como naquele dia debaixo da minha janela, tantos anos atrás.
Corajoso como antes.
Jovem e lindo.
Para sempre.