quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Autoajuda
Parafraseando Nietzsche: “odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia”.
Hoje fui ao shopping comprar o presente para uma amiga. E, claro, bati o ponto na Saraiva. Resisti à velha compulsão de sair de lá com duas sacolas de livros e acabei não comprando nada pra mim (snif, snif).
Como eu estava acompanhada (de outra amiga que também estava atrás de um presente) acabei numa estante de livros autoajuda. Bom, nada contra, mas não tenho o costume de ler livros do gênero (tá, eu li “O Segredo”. E a “Lei da Atração”, que ensinava como botar o tal segredo em prática. Bom, nem preciso dizer que não deu certo, “neam”?).
Só que a curiosidade matou o gato, lá fui eu dar uma fuçada nos tais livros. Como boa “mulherzinha”, bem “Amélia” que eu sou (só finjo que não) não demorou e lá estava eu naquela seção dos livros sobre como conquistar, enlouquecer, casar, segurar (entre outras dúzias de verbos afins) um homem.
Peguei um, peguei outro. Li aqui, li ali e cheguei a uma rápida e brilhante conclusão: eu não sei como tem tanta mulher sozinha no mundo. Sim, porque os segredos estão todos lá, revelados. Basta comprar UM daqueles livros e pronto.
Você que sabe cozinhar, bordar, lavar e passar e ainda toca piano, é financeiramente independente, bonita, inteligente, mas não se sabe lá porque está solteirinha da silva, como assim que você ainda não comprou o seu livro de auto ajuda que ensina a ter um homem pra chamar de seu?
Parece fácil, mas cuidado!
Não compre mais de um livro.
Sim, porque se você se arriscar a comprar mais de um, você pode ficar (como eu) mais perdida que agulha num palheiro. E se comprar vários, minha querida, você vai sentar e chorar. Sério, a missão vai ser impossível.
Para vocês terem uma idéia - sobre o assunto “sexo” -, um deles (esse ensina a pensar como os homens) diz que nas primeiras vezes a mulher tem que fingir ter pouca experiência e fazer aos poucos o homem acreditar que “ele” despertou a deusa do sexo que existe (?) dentro dela. E mais, se a tal mulher tiver tido mais que 5 amantes na vida (não importa se ela tem 20 ou 60 anos) tem que negar até a morte. Segundo o autor, 5 é o número máximo de amantes que um homem pode suportar em uma mulher. Não, ele não explica o porquê. É 5 e pronto. Não, eu não me lembro se o autor era homem ou mulher.
Já em outro livro (que diz que os homens gostam de mulheres poderosas) o autor garante que a mulher tem que ser segura de sua sexualidade e sincera quanto aos seus desejos. Não deve fingir, nem abrir mão de quem é, nem do que quer, por nada, nem ninguém. Esse não fala nada sobre o número de amantes que uma mulher pode ter tido sem ser considerada rodada demais para qualquer relação além cama (mas a gente já nasceu sabendo que depois do primeiro TODOS os demais são o segundo. Óbvio! Kkkkkkkkkkkkkk!). Não, eu não vi se o autor era homem ou mulher.
Se você acha pouco, e a sua cabeça ainda não deu um nó, tem um terceiro que jura que o segredo é simples: os homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas. Ou seja, vocês mulheres lindas, ricas, poderosas, prendadas e solteiras vão todas imediatamente para a terapia porque VOCÊS SE ODEIAM! Putz. Ah, e só pra constar: de novo, não faço idéia se o autor era um homem ou uma mulher, embora escrevendo aqui, agora, eu esteja com a leve impressão de que essa informação era importante.
Sério, gente, eu não dou conta. Vou continuar passando longe dessas prateleiras de autoajuda e vou continuar com meus amados romances.
E se você, como eu, nesse exato momento, está desejando com todo o fervor de sua alma que a mentecapta que resolveu promover a revolução feminina esteja ardendo no mármore do inferno.
E se, como eu, vai dormir sozinha nesse friozinho chato que está fazendo em Vitória em plena segunda quinzena de novembro (Hello!!! São Predo. Meu cabelo não tá dando conta de tanta umidade, meu filho!), um brinde a Erasmo Carlos e a sua imensa sabedoria: “filosofia, poesia é o que dizia a minha avó, mal acompanha do que só”.
E Nietzsche? Bom, ele que me desculpe, mas nesse assunto eu fico mesmo com o Erasmo.
P.S.: Eu também li “A Cabana”. Ele é de autoajuda? Vixi, acabei de me lembrar de outros dois que são com certeza “Quem mexeu no meu queijo” e “O monge e o Executivo”. Sabem que eu até gostei deles. Affffffffffffffff. Preciso ler um bom romance, tipo assim, NOW! ;)
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